Escrever

Vou escrever. A que devo isto? Sei que preciso, mas também preciso me dar explicação às minhas atitudes. Escrevo pois, pois me encho, logo preciso esvaziar. Quase nunca consigo, logo, transbordo. Saem palavras.
Há quem coma, e sente o corpo e a alma acalmarem. Não, este não sou eu, comer sempre foi, além de necessidade, fardo, luta, esperança e medo. Há quem ejacule teus problemas, relaxe com isto. Não, novamente não sou eu, pois relaciono à dor física, aos conflitos de relacionamentos, às cobranças.
Dei ouvidos a quem disse que comprar pode aliviar tensões, além de dispendioso se resultou falho, e também já briguei, dolorida estratégia fracassada. Competi, pelejei, gritei, mas não alcancei resultados, apenas, bom, fiquei rouco.
Vou escrever. Não muda nada, fisicamente. Mas as paredes voltam para seus lugares, as nuvens reaparecem, a sensação de temperatura continua a existir e a saliva, a saliva continua na minha boca umedecendo parte dos lábios, parte molhada, parte seca. Nesta busca por expressões, por palavras, por uma grafia que dê forma ao que sinto, eu me acalmo, penso mais vagarosamente e compreendo alguns riscos do grande muro onde estão todos cartazes que querem minha atenção.
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