Entre humanos



É um lugar cujo qual nunca entrei, não reparei o suficiente para descrever.
Pedi uma coxinha, depois do dia anterior apenas com um pão pela manhã eu resolvi que precisava mastigar algo, o gosto amargo da discussão na mesa, a sensação de uma briga que só tinha como sentido me ofender. Sentei em um dos lugares vagos.
Dois senhores chegam ao estabelecimento. Um pede um copo de café, conta as moedas, paga, espera um pouco e é atendido.
O segundo mira atrás do balcão de vidro, latas de refrigerante, o atendente pergunta se ele quer algo.
_Quero uma coxinha, mas não quero um refrigerante inteiro, só um copo.
O atendente nada responde, ambos sabem que ali não se vende apenas um copo do que estão vendendo em latinha de 350 ml. Mas ele continua.
_Se meio copo de café custa 50 centavos, você pagaria um real em um copo cheio?
O dia está quente, na lata vem aproximadamente dois copos e um real é um terço do valor cobrado por ela, o atendente responde sem palavras, colocando a lata e um copo vazio no balcão. Foi, em seguida, buscar a coxinha em uma pequena estufa, a segurou enquanto o rapaz abria a garrafa e completava o copo com o líquido gelado.
Com a coxinha em uma mão, a lata pela metade em outra ele partiu com algumas moedas a menos. O atendente que costuma passar o dia todo a servir foi servido, quero pensar que ambos ficaram bem com a decisão.

É assim que imagino que toda relação deveria ser, apenas duas pessoas convencidas que podem fazer algo, uma pela vida da outra, em reciprocidade. Amém.
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