Primeira checagem antes do amanhecer

Um quarto de hora para as 5, como não há luz ainda coloquemos 5 horas da madrugada, e já estou me revirando na cama. Com frio não quero me levantar e começar a ler na mesa, também não penso em começar a me arrumar para estar pronto às 7h30 então penso em algo para fazer ali mesmo, quieto. Antes de qualquer atividade, mesmo que apenas mental, avalio a situação, para saber como estou. Minhas costas doem, exatamente nas minhas costelas, pulsos, tornozelos e ombros também, ultimamente tem sido comum acordar assim, cansado e desmotivado. Os pensamentos do despertar já são comuns, questionamentos sobre o motivo que me leva a acordar, o que está melhorando e o que espero que logo melhore.

Desde que posso me recordar uso calças tamanho 42, nem penso para comprá-las, sempre 42, sem prová-las, apenas observando rapidamente a etiqueta e me dirigindo ao caixa. Este final de semana ganhei uma calça tamanho 40, e ela me sobrou, certo que já vinha apertando minha cinta no último furo e ainda assim as calças não ficam justas mas negave-me acreditar. Agora me sobra a 40. Jaz 5h30.
Simples, azul, com incontáveis pontos brancos que me dão a impressão de formarem estreitas linhas que deixam o azul mais claro, um jeans comum. Disse que não usava jeans com frequência, que as calças que tinha já me eram suficiente, como recusa quando ouvi a proposta de ganhar outra, passara a semana com roupa social, calças de pano preto. Parei de insistir quando ouvi premissa que não desejei combater, 'o emprego que tenho agora não precisa de roupa social', mas não fora uma simples constatação, quase uma lástima, despromovido. Ainda estou com a etiqueta presa à calça, coloquei para dentro do bolso, com vontade de devolver, pedir para trocar, por outra de número 42, bem justa. São 5h50 agora.

Calça folgada, dores no corpo e o carro quebrado, tão quebrado que não sei se o aceitaria se me oferecessem de presente, ou se o daria de presente a alguém. Já estive em paz com meus bens materiais quando não os tinha, ficava fácil de ministrar a ausência, logo retorno para este estado de capital vegetativo. Queria ter lembrado de comprar biscoitos, pães também. Gostava bastante do carro. Passaram das 6h10.

Mas conheço um jardim, um lindo jardim que cultivo, onde me aperreiam tempestades ou qualquer chuva mais forte que possa danificá-lo. Lá guardo esperanças e alegrias, lá semeio prosperidade e felicidade, me descalçando e sentado no chão observo cada detalhe a fim de conhecê-lo melhor a saber como proteger daquilo que o possa magoar. Tento entender, tento melhorar, pois lá deito na terra, na grama e posso sonhar.
Quando no caminho de casa vejo por debaixo de minhas unhas sujas a terra daquele jardim me acalmo, não há problema que o encontre, não há infelicidade que me atinga quando não sabe meu endereço. Rua nenhuma passa na frente daquele jardim, está em nenhum bairro e vive sem limite declarados. Escreveria mil léguas de páginas sobre ele se já não estivesse na hora de buscar abraçá-lo novamente. Bateram 7h faz algum tempo e já estou atrasado!
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